quarta-feira, janeiro 03, 2007

Sentimento de culpa

Existem páginas que tentamos arrancar do livro da existência... mas o rasgo das folhas marca que o lugar delas ainda lá está. O lugar fica vazio, mas nem por isso os sonhos deixam de as ocupar... esse espaço não ocupado pode aliviar o peso do livro ou tornar-se fulcral, e evidenciar-se mal "pegamos nesse mesmo livro"..
Mas uma coisa é certa, quando nada esperamos em determinado contexto, uma simples acção, sem qualquer importância para o outro, assume proporções equivalentes ao sonho... porque este é mais forte que o consciente e está sempre presente, mesmo quando nos obrigamos a não sonhar.. o problema é quando nos agaramos a esses "nadas", como se fossem tudo para nós! E o tempo vai passando, e continuamos agarradas... e acabamos por nos magoar-mos ainda mais porque vê-mos que foi um sonho, uma ilusão. Iludi-mo-nos com uma acção de duas formas: a primeira pelo lado positivo pois atribuímos elevado valor/importância e a segunda de modo negativo, porque vê-mos que tal, não teve qualquer relevância e que fomos ingénuos a ponto de nos prender-mos a tal, como se se tratasse de oxigénio.
E depois, dói, dói muito. E porque pensamos demasiado, sonhamos tanto, porque o medo de avançar é assustadoramente grande. Depois da desilusão do nada ter corrido por nossa própria cobardia, resta o sentimento de culpa por ser-mos como somos. Por outro lado, depois de tanto pensar, se perdemos a cabeça e arriscamos por pouco que seja, sentimo-nos culpados da ousadia. Se superamos o desafio andamos na núvens, se perdemos sentimos vergonha da tamanha audácia que tivemos e mais uma vez sentimento de cupla pela falta de sensatez...
De uma forma ou de outra ficamos sempre a perder. De uma forma ou de outra viver comigo própria diariamente é uma luta contra mim mesma... e da mesma forma acabo sempre por perder...
Acho que tenho sentimento de culpa pela minha existência e não sei como lidar com isto... e muitas vezes penso que se mudasse de cidade, se me afastasse de tudo aquilo em que fui criada seria diferente.. contudo eu continuo a aser arrastada comigo mesma e então vêm as dúvidas: seria tudo exactamente igual mas em local distante e desconhecido? Continuaria com o sentimento de culpa... o mais provável era tal acontecer... porque a minha vida não é um mar de rosas, mas eu apenas persigo, sempre, pelo local onde existem os espinhos!

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