segunda-feira, janeiro 15, 2007

A única certeza...

Certos tipos de sentimentos... porque existem em mim? (se nunca os senti...)
Crio universos paraleleos, sonho com situações inexistentes de ínfima probabilidade de acontecimento; dou comigo a sorrir para quem não está presente, nunca está/esteve a meu lado (já lá vão 6 anos.. quase 7)...
Será um Esquizofrénico mais feliz? Ele que vê, ouve, sente, toca e é tocado por quem anseia, mesmo que na realidade não exista? Na dele (do esquizofrénico) existe!
Porque a capacidade crítica que possuo, permite-me saber, que não está ao meu lado que quis um dia (há muito tempo), nem ninguém mais que me queime o "peito"... Porque essa mesma capacidade crítica permite-me que chore (por vezes) nas noits silenciosamente pesadas. Absoluto silêncio intercortado pelo meu soluçar ou pelas lágrimas voluptuososas que me rasgam a pele seca... À noite, na noite e pela noite dentro para que ninguém veja, para que ninguém saiba... para que não exista!
Porquê esta perpetuação de pensamento esperançoso e dolorsamente torturante?
Porquê o afeiçoar-me aos sentimentos que sóp existem em mim nos meus sonhos, quando na realidade (no meu quotidiano) nunca os experienciei, nunca os vivi... nunca os tive?
É assustador acordar e arrastar a minha vida por essas horas fora, com a certeza de que nada mais me está reservado nesta vida... é é tristíssimo porque sinto que a culpa é toda minha, pela minha sobrevivência, pelo que não consigo mudar (feitio e forma/ mental e físico)... Como posso mudar como sou mentalmente, fisicamente, , como ajo, como penso, como sinto o pouco a que tenho direito a sentir. Como mudar oque faço de tão mal, sem fazer ainda pior?
Sensação de rodopio sobre o meu próprio pensamento. Turbilhão de desejos e medos indissociáveis... É um tropeçar, cair, levantar e recomeçar a caminhar e mal o faço, tropeçar, cair e por aí adiante, de forma cíclica e permanente. O meu pensamento caminha sempre pelo mesmo caminho sinuoso e as quedas são sempre tão dolorosas.. se por algum acaso, o meu corpo físico acompanhasse essas quedas, tornar-se-iam menos dolorosas, com o passar do tempo?
Sonho com o que sonho, com quem sonho, porque não deixa de ser o que é: inalcançável para mim, para a minha existência neoplásica.
Penso-o constantemente porque é o que desejo, assim tão forte, de o ter na minha vida?
Penso-o, não porque o desejo, mas porque nunca o senti/vivi?
Penso-o, talvez porque é o que mais quero, quero arduamente, que aconteça algo? Aconteça o quê? A felicidade, a vergonha, o engano?
Não sei como superar isto... se por um lado não consigo controlar os sonhos, desejos, os sentimentos... por outro lao, a única certeza que possuo, destes 24 anos, é que a solidão será a única presença que vou sentir a meu lado...
Foram 18 anos nesta cidade, mais 3 anos e meio em Leiria e alguns meses em Lisboa/Oeiras.. e um regresso (há 2 anos e meio)... e tenho 24 anos. As amizades perdem-se quando os amigos casam, têm filhos, vão trabalhar para longe.. e a existência isola-se na sua própria luta pela independência/sobrevivência...
Temo que o meu pensamento me vença, que ele é aliado e potenciado pela solidão e ela está cada vez mais presente na minha vida...

Sem comentários: