quinta-feira, novembro 23, 2006

Mudar...

Achas que não me custa estar só, achas que não me sinto culpada de fazer o que faço, de ser como sou aos 24 anos, culpada de não ser amada, culpada de olhar para quem não consigo alcançar,, culpada pelas escolhas erróneas/cobardes, e ainda mais culpada porque não mudo? Pois isto não é novidade: sinto-me culpada da minha existência vergonhosa.
Como disse: quem perde sou eu: sem o rapaz, sem amigos, sem paz em casa, sem vida para além de respirar... Não tenho absolutamente nada. Os acasos, as coincidências, a sorte que dizes não existirem, existem. E abençoam os lutadores, os resistentes e não os fracos como eu. Eu que desisti da vida.
Como é possível tal discrepância? Como é possível que os meus amigos, que me conhecem dizem que eu sou isto e aquilo de excelente pessoa, esta e aquela qualidade e no entanto eu olho ao espelho e nada disso vejo.. e no entanto eu olho para mim e estou só: 24 sobre 24H e claro, no fim dizem-me que tenho de mudar para obter o que quero. Não entendo, não consigo compreender se sou assim, porque estou só? Porque não está ele comigo? Tu mal sabes o que é viver nesta casa, o que é que se passa na minha cabeça, e não tens a mínima noção do que sinto.. já me viste chorar, já me viste cega de raiva... mas não sabes o que é nunca ter tido o que já tiveste... Existe algo mais para além do que faço, existe uma vida que não vivi na adolescência, não vivo agora e da maneira como sou: nunca o viverei.
Tenho uma fenda profunda no peito e está a alastrar irreversivelmente. Não consigo reverter o processo.
Eu não sei lidar com o que se passou na quarta feira, eu não sei lidar e não tenho ninguém para me ajudar, a não ser para me dizerem que tenho de mudar, e de fazer isto e aquilo, quando na realidade ninguém o faz. Não quero que o façam por mim, mas preciso de ajuda! E nem isso tenho... nem isso esta vida me deu... bolas!!!
E se tu consegues viver com as tuas ideias, os teus escritores, a tua cultura, os teus problemas, o facto de teres tido sorte, acaso e lutas vencidas, ainda bem para ti... Ainda bem para ti que sais à rua e encontras sempre alguém. Eu vivo aqui, anos após ano e não encontro ninguém... Afasta-te e não me mandes mensagens de felicidade, porque isso é mostrar vida a um moribundo, sabendo ele que não a pode alcançar... Sou cadáver ambulante, decomponho-me na miséria do isolamento que chamo até mim.. porque já nem a tua amizade me pode ajudar...

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