quarta-feira, novembro 28, 2007

Não são apenas as marcas da adolescência...

As marcas que me ficaram da adolescência são como as cicatrizes... crescer numa cidade pequena onde o aspecto físico e os paizinhos importantes revelam a supremacia do popular.. ainda para mais ter familiares que nos rotulam de estúpidos porque nos vemos ao espelho e vemos a merda que se reflecte... estúpidos porque pensamos deste modo.. quando na realidade é mm isso que nós somos!
Não é que me tenha importado de ter tido uns pais discretos, isso não me incomodou minimamente... mas a parte física sempre me deixou de rastos, o facto de ter sido e de ser uma nulidade como rapariga/mulher, de me ter apercebido dessa realidade, de me ter remetido à maior tentativa de descrição e tentativa de me ter conformado com isso mesmo, não me ajudaram a ser superior a isso... se calhar o facto de nunca me ter sentido integrada num grupo, em qualquer grupo de fosse: na escola a lei da popularidade, com as outras pessoas, a que conhece e mais curte com gajos, nos estudos a afastada.... portanto, segundo um colega meu, eu era a "estranha", a "esquisita"... Podia até não ter sido muito mau... se eu não fosse um ser humano e portanto um ser social...mas muito pouco sociável.... se eu fosse uma pessoa fria... só que não era... e quem sofreu com isso fui eu...
Depois o ensino superior, as saídas à noite corriam bem até os gajos se meterem com o pessoal, gajas, na sua maioria giras claro! (os tipos não são parvos de todo), momento em que me apetecia e acabava por ir para casa, depois de ouvir uns tantos e quantos a dizerem que eu a gaja mais feia que já tinha visto... na boa, nada que eu não pensasse já...
Em casa a mm pessoa de sempre a dizer que sou um atraso de vida e ainda a outra sem qq respeito por mim ou pelos meus objectos...
Em resumo: 25 anos... embora este ano tenha mudado em muita coisa, estas cicatrizes ficam para sempre...
Então tira-se o curso e trabalha-se.. trabalha-se e estuda-se, pelo menos ainda se tem trabalho.. mas depois olhamos para trás e vê-mos que não fizemos nada, não fizemos os erros da adolescência na adolescência.. não demos o primeiro beijo, não fujimos numa noite para ir a um conerto, não fumamos um charro só para experimentar, não amámos ou pensámos ter amado, ou pior, não fomos amdas por aquela pesoa em que ainda pensamos à 7 anos.... aquela pessoa que me poderia ter levado a negar qualquer tipo de curte seja com que for, se estas oportunidades tivessem surgido....mas que nunca surgiram...
Então arrastamo-nos dias atrás de dias de casa para o trabalho e do trabalho para casa...às vezes até às aulas, deita-mo-nos e queremos adormecer o quanto antes para não pensar nestas cicatrizes e no motivo de estar-mos só na vida e ser-mos uns inúteis naquilo qe devíamos ter a a obrigação de ser-mos realmente bons, porque a vida não nos deu mais nada senão isso mesmo que ainda pensamos ter, no meu caso, a única coisa que ainda possuo: o meu trabalho.
Aos 25 anos compreendo que o trabalho não é tudo, mas apesar de ser a unica coisa que se tem... não somos suficientemente bons, e mm assim, é apenas trabalho... e quando damospor nós.. não temos mais nada, não sabemos mais nada, não resta mais nada senão o trabalho, o trabalho, o trabalho...
Quem pensa que me conhece, quem me acha diferente daquilo que aqui descrevo e que penso sobre mim, desengane-se... a aodlescência e a vida reflectiram exactamente o que disse: estou só porque além de ainda pensar em quem nem se lembra de mim, em quem nunca gostou de mim sou uma nulidade como mulher, um vazio como pessoa, uma inútil como profissional, uma cobarde enquanto agente activo nas suas escolhas... as marcas da adolescência e a vida... fizeram-me aquilo que sou, e aquilo que sou é o que penso de mim, aquilo que se reflecte no dia a dia...
custou-me a escrever este post.. custa-me relembrar a adolescência, e ainda mais saber que não são apenas coisas da minha cabeça... está feito!

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