segunda-feira, dezembro 04, 2006

Acordei assim

Hoje acordei com medo, medo que o dia se repetisse, medo de me sentir só e de ver o quanto estou só. Hoje acordei apavorada. Vesti-me e depois de estar pronta, despi-me e voltei a vestir o pijama. Para quê sair? Para quê viver com medo de encontrar quem quero encontrar? Para quê sonhar com o que se vai fazer e dizer, produzir extensas realizações, cheios de pormenores, adereços e figurantes e depois ter uma realidade pobre que nos faz sofrer ainda mais? Os sonhos serão apenas truques, terapias de choque para os fracos sofrerem ainda mais. Nos sonhos é mais fácil, é mais bonito, somos mais felizes e depois, depois acordas e vês que o está à tua volta é apenas aquilo que tens, e o que tens não é nada, ou é tudo, mas tudo aquilo que não chega. Fora do materialisto ou da futilidade. Agora, ao fim do dia, tinha razão em ter medo. Sofri mais umas horas, horas de consciência do mal que tenho feito a mim própria, do desperdício de vida que vou agastando. E apercebi-me que o meu medo é real e sustentado. Não saí, mas também não fiquei onde estou.
Hoje, quando me vesti, olhei-me no espelho e pensei para quê o esforço, para quê os objectivos.. tudo é efémero, dolorosamente efémero quando estamos sós. Estou só e tenho medo, medo que esta solidão se prolongue... e a vida ainda caminha pela manhã... apavorada que a solidão se prolongue pela tarde e pela noite da própria vida. Aterrada em pânico que a vida adormeça sem ter tido a oportunidade de não me sentir só e infeliz.
Hoje acordei assim...

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